quarta-feira, 9 de setembro de 2009

olhos atentos [paulo trocoli]





Hoje,
Fiz um pacto.
Não irei mais amarrar os cadarços,
Deixarei todas as pontas soltas, livres,
Pelo ar.
Não enquadrarei mais as pessoas em gêneros,
Como nos filmes do cinema.
Nem criarei teoremas, ou paradigmas,
De como deve ser e se comportar a amizade e o amor.
Amanhã,
Não quero mais que as minhas velhas mãos,
Cavem com a força do braço, a golpes de enxada,
Buracos já criados inóspitos, tristes, devastados,
Onde mudas vivas, já crescidas,
Sejam obrigadas a enterrar suas raízes,
Para compor um artificial jardim.
Não quero o velho sorriso de poses de quadros,
Há muito já desgastados.
Relíquias, longínquas memórias,
Ou instantes que não traduzem uma verdadeira história,
Peças de ilusão pregadas em tinta branca,
Para alguns homens e mulheres apenas se iludirem.
Quero,
O livre arbítrio do pólen soprado pelos ventos,
O cruzamento inesperado,
A sorte, o dobrar de esquina, o fluxo,
O encontro de olhos, o acaso.
A negação,
A incerteza,
A indefinição,
A palavra dada,
A dúvida,
O medo,
O estar certo sem convicção,
O voltar atrás,
O ir adiante,
O sofrer,
O sofrer antecipadamente,
O amar com medo de perder,
O amar e ter que perder,
Seguir adiante,
Perder, ganhar,
Errar,
Acertar,
Ganhar, perder,
Sonhar...
Sonhar...
Sonhar e insistir em sempre tentar.
Quero
Toda a confusão das cidades,
O choque de corpos,
A poluição,
A dor, os medos,
A raiva,
Quero
Aprender a estar imerso em meus tristes noticiários.
Sem o crepúsculo sonhador,
O travesseiro do sono apaixonado.
Nem o alvorecer da frustração,
Vendo as perspectivas pela névoa arrasadas.

Paulo Trocoli, 24, é formando em Produção Cultural pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Desde a infância, qualquer fato, situação ou pessoa era motivo para seus olhos pararem, enquanto sua mente borbulhava na criação de histórias; que nunca escreveu... Seu primeiro escrito, um livro fantástico (nunca acabado) começou aos 18 anos. A partir daí, diversas histórias multiplicaram-se na sua mente e, algumas, entre angústia e a persistência da sua mente e corpo foram lançadas ao “papel”. Considera “Destino Comum” seu melhor conto. Atualmente descobriu a poesia e, sempre que pode, fica brincando de ser poeta das palavras.




postagem de juan salazar







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